foram verões passados à beira rio que me envolveram nesta angústia de não saber de ti. é tão fácil cair na tentação de correr para o mar e abraçar o perfume que as tuas roupas mantinham. é o pesar dos anos a fazerem-se sentir quando o perfume já não se encontra lá. é cair numa tempestuosa virtude de não ter o que tínhamos, de algo que desejámos ter e sabemos que já não há futuro. é sorrir quando as lágrimas provocam uma dor, um aperto, um amargo que toca o coração e nos faz silenciar este nosso viver. pelo que esperamos nós? quando temos tudo, continuamos a viver como se não tivessemos nada. quando não temos nada, pensamos no que tínhamos. e, ainda assim, continuamos a esperar por algo que não sabemos o que é. depois acolhe-nos a morte, e deixamos os outros a esperarem por algo que não sabem o que é. vivemos sempre em busca de algo mais, na esperança de algo mais... e se isso não existir? e se estamos à mercê da nossa própria ilusão de que merecemos mais? se quis eu algo mais do que aquilo que não merecia... não mereci mais do que não ter o que queria.
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