O que somos senão seres passivos na vida de outrem? É como estarmos à janela da nossa casa e passarmos a vida a olhar para as janelas dos outros. Eles estão na sua casa, têm o que querem, fazem como querem, e nós, da nossa janela, observamos tudo sem poder interferir nas acções alheias. E quando nos pedem ajuda, lá fazemos uma visita mas ficamos só pela sala, porque toda a gente é assim, a sala é só um quarto do que conhecemos da vida da outra pessoa, e só podemos ajudar com aquilo que vemos naquele quarto. E, como é óbvio, as pessoas têm muitos mais problemas do que aqueles que se apresentam na sala. O quarto (de dormir) é uma representação da vida íntima, onde ninguém pode entrar a não ser a pessoa escolhida para fazer vida a dois, daí que os problemas que lá estão só podem ser resolvidos entre aquelas duas pessoas. O resto da casa, são problemas que se impõem no dia-a-dia e que lá se resolvem sem ninguém entrar e opinar sobre tais coisas.
A relação dos indivíduos com o bem material que é casa, tem muito que se lhe diga, principalmente quando a janela é grande e temos, da nossa janela, uma vista ampla que demonstra o que se passa na sala da casa em frente, mesmo quando não somos amigos nem temos interesse em saber daqueles problemas. Por isso, muitas vezes, mais vale escolher cortinas escuras e, em vez de observarmos os problemas da casa alheia, ter em atenção quantos dos nossos não são vistos por estranhos que se sentam na sua janela a observarem-nos (e aos nossos problemas).
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