vanguarda

Reparei nas suas mãos velhas. Eram constituídas de sabedoria e de trabalho árduo. Por todas as experiências passadas, adquiriram formas invulgares. Durante a noite sonho que essas mesmas mãos me pegam pelo colarinho e me arrastam para um buraco fundo. Aquelas mãos gélidas.... Não grito, não me revolto e nem me tento soltar. Aquelas mãos têm o destino traçado. Já pegaram pelo colarinho de muita gente, e um dia o meu também será pegado, serei atirado ao fundo e lá ficarei. Não é por mal, meu rapaz.. as minhas mãos são o meu trabalho, é o que diz o dono delas, mas não é o que dizem todos? Talvez não...não sei. Só sei que aquelas mãos me virão buscar. E sinto-me ansioso por esse momento. Poderei reparar melhor nos seus traços, nas suas amarguras, na sua sabedoria e no seu trabalho árduo. Não é por mal que elas fazem o que fazem...foi o destino que as fez assim, foram destinadas para aquilo, foram feitas para nos pôr a dormir um sono eterno.